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Reciclagem
Pedro Nazareth (Electrão): “Temos que rever o modelo que temos hoje na gestão das embalagens”
18 Novembro 2022
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O CEO do Electrão, Pedro Nazareth, defendeu esta sexta-feira, no Fórum Resíduos, que é necessário “rever o modelo que temos hoje na gestão de embalagens”.

 

Este momento, em que se aproxima o fim de mais um ciclo de licenças do SIGRE – Sistema Integrado de Gestão de Embalagens, seria a altura ideal para sentar à mesma mesa os vários intervenientes da cadeia de valor à luz da co-responsabilização evocada no Unilex.

 

Para Pedro Nazareth seria importante, por exemplo, dialogar com os operadores de gestão de resíduos e alocar recursos financeiros com vista à separação de embalagens que hoje estão a ser geridas de forma indiferenciada e a ser colocadas em aterro quando poderiam ser recicladas e contabilizadas para as metas nacionais.

 

Outro diálogo teria que ser igualmente encetado com os Sistemas de Gestão de Resíduos Urbanos no sentido de questionar caminhos alternativos de alocações geográficas.

 

Se na gestão de equipamentos eléctricos usados o Electrão teve a possibilidade de criar redes de recolha, actuando na área operacional, com grande potencial de melhoria, essa possibilidade não existe nas embalagens. O Electrão não teve possibilidade de criar pontos de recolha complementares aos sistemas, recordou Pedro Nazareth.

 

No sistema integrado de gestão de embalagens a entidade gestora está reduzida à comunicação, sensibilização, investigação, desenvolvimento e inovação, que são instrumentos importantes, enfatizou, mas insuficientes para elevar os números da recolha e reciclagem de acordo com as ambiciosas metas.

 

“Do ponto de vista operacional estamos muito limitados. Daí que tenha vindo a este fórum desafiar-nos para discutir, enquanto responsáveis, a nova gestão de licenças. Queremos continuar a trabalhar no novo modelo, que está partido e que opõe sistemas e entidades gestoras? Fica aqui o convite para a reflexão conjunta sobre se é este o modelo que queremos continuar”, questionou. 

 

Para Pedro Nazareth não faz sentido que as entidades gestoras sejam impossibilitadas de criar as suas próprias redes e pontos de recolha nas embalagens e recebam “contraordenações pelo incumprimento de metas de recolha”.

 

O fluxo das embalagens terá um grande desafio pela frente, previsto no Unilex, que se prende com os múltiplos circuitos para onde pode ser canalizada a embalagem. “Uma embalagem de iogurte, por exemplo, pode ser recolhida no sistema porta a porta, no ecoponto, num TMB (Tratamento Mecânico Biológico), mas também pode ser recolhida por um operador de gestão de resíduos urbanos”, ilustrou.

 

O Sistema de Depósito e Retorno, que teve um painel dedicado no Fórum Resíduos, também vai trazer desafios ao SIGRE. Algumas embalagens que passarão a integrar o Sistema de Depósito e Retorno, que não é 100% eficiente, serão canalizadas para o SIGRE e terá que haver acerto de contas.  Também as taxas terão que ser calculadas de forma diferente. O mesmo acontecerá com as embalagens reutilizáveis.

 

“Amanhã, as embalagens vão ter três subsistemas a devolver as taxas de reciclagens respectivas tendo que existir uma articulação entre as três entidades que gerem sistemas para haver os encontros de contas devidos. Isto porque há embalagens que pagam determinadas cadeias de valor e esses pagamentos têm que ser efectivados”, realçou Pedro Nazareth.  

 

Novas licenças, novos fluxos

 

O CEO do Electrão, Pedro Nazareth, deixou a visão da associação sobre “a revolução” que se perspetiva nas embalagens e sobre a operacionalização do novo sistema de Depósito e Retorno, mas nem só sobre isso se falou no Fórum Resíduos.

 

O painel “Novas licenças e novos fluxos” foi pretexto para o Electrão, pela voz do Director-Geral Adjunto, Ricardo Furtado, sublinhar alguns dados que resultaram do estudo de caracterização de resíduos de limpeza urbana, realizado pela GIBB e Nowa e apresentado no IV Encontro Nacional de Limpeza Urbana.

 

Este estudo revela que os produtos de tabaco com filtro representarão cerca de 0,17% dos resíduos que resultam da actividade da limpeza urbana.

 

“Estamos a falar de um universo diminuto face ao problema global. Neste estudo constatámos que esta actividade de limpeza urbana ainda está pouco consolidada do ponto de vista indicadores de desempenho de níveis de serviço que permitam apurar um custo-eficiente para esta actividade. Este é o desafio mais importante quando falamos em financiar a limpeza urbana”, realçou.

 

A gestão dos produtos de tabaco com filtro é um dos novos fluxos que será criado, na sequência das directrizes que emanam na directiva de plásticos de uso único, e é o mais urgente já que terá que tem que ser operacionalizado até 5 de Janeiro de 2023.

 

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