capa-noticia-49.png
Ambiente
Portugal atrasa em três semanas o uso do cartão de crédito ambiental
28 Maio 2024
 / 3 minutos de leitura

Em 2024 Portugal diminuiu ligeiramente a sua pegada ecológica, por comparação com anos anteriores. No dia 27 de Maio o país esgotou os recursos naturais necessários para dar resposta ao consumo, três semanas mais tarde do que em 2023.

 

Portugal é já há muitos anos deficitário na capacidade para fornecer os recursos naturais necessários às actividades desenvolvidas, à semelhança de muitos outros países, mas, ainda assim, é de sublinhar a tendência positiva de uma pequena redução da “dívida ambiental” portuguesa. Em 2023 o “cartão de crédito ambiental” começou logo a ser usado a 7 de Maio, como sublinha a associação ambientalista ZERO em comunicado, reportando-se aos dados da Global Footprint Network. 

 

Os recursos que começaram a ser usados no dia 28 de Maio só deveriam ser utilizados a partir de Janeiro de 2025. Se cada pessoa no planeta vivesse como um português médio a humanidade precisaria de 2,9 planetas para sustentar as suas necessidades de recursos.

 

O modelo de produção e consumo que suporta o nosso estilo de vida é responsável por este desequilíbrio. O consumo de alimentos, que representa 30% da pegada global do país, e a mobilidade, com um peso de 18%, estão entre as actividades que mais contribuem para a pegada ecológica em Portugal.

 

Como reduzir a dívida ambiental?

 

Existem medidas que podem ser implementadas para inverter esta tendência de sobrecarga do planeta. É o caso da aposta numa agricultura promotora da soberania alimentar, o que inclui a produção de alimentos de qualidade, a preservação dos solos, a redução da poluição e do uso de água e valorização dos serviços do ecossistema.

 

É igualmente importante aproveitar o potencial de redução de deslocações e viagens, sobretudo as de avião, através do teletrabalho e da realização de eventos, habitualmente presenciais, em formato virtual. Para muitas empresas e trabalhadores as reuniões virtuais e teletrabalho são já uma realidade, o que pode ter reflexos positivos no futuro, em termos de ganhos ambientais, sociais e económicos.

 

Importa também investir de forma decisiva na criação de infraestruturas que permitam uma utilização mais significativa de modos suaves de transporte, em particular o uso da bicicleta, em articulação com o transporte público, no sentido de evitar a degradação da qualidade do ar nas cidades.

 

A regulamentação que assegure que os produtos colocados no mercado são sustentáveis é também crucial. Por exemplo, urge implementar normas de durabilidade, garantias do direito a reparar e actualizar e formas de incentivar a reutilização e reciclabilidade. Estas medidas permitirão criar novas áreas de trabalho qualificado e promover uma redução da pegada dos produtos.

 

É também possível fazer a diferença reduzindo a presença de proteína animal na alimentação. Cada português consome cerca de três vezes a quantidade de proteína animal que é preconizada na roda dos alimentos, mas apenas metade dos vegetais, um quarto das leguminosas e dois terços das frutas. Aproximar a nossa dieta da roda dos alimentos reduz, de forma significativa, o impacto ambiental associado à alimentação e constitui uma opção mais saudável.

 

Consumir de forma mais circular é uma prática a seguir. “É fundamental mudar o paradigma do ‘usar e deitar fora’, muito assente na reciclagem, incineração e deposição em aterro, para um paradigma de ‘ter menos, mas de melhor qualidade’ com um forte enfoque na redução, reutilização, troca, compra em segunda mão e reparação”, defende a associação ambientalista ZERO.

 

Mais notícias